segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Grava agora, vive depois

Desde já quero pedir desculpa pela minha pouca assiduidade para a escrita, passa-se que tenho tido muito trabalho e só agora consegui arranjar um tempinho para vir aqui trazer-vos pensamentos novos. Quero partilhar convosco algo que me disseram já há uns dias, naqueles dias que a trovoada e a chuva persistente nos privilegiaram com a sua presença. Não estou a ser irónica, gosto da chuva, ou melhor, gosto do som e do cheiro da chuva, sobretudo debaixo de uma manta e com um bom livro e uma caneca de chá. Hmm.. que combinação maravilhosa!
Num desses dias (ja passava da meia-noite e eu tinha que me levantar às 6h no dia seguinte) estava a falar com um amigo meu e confessei-lhe que estava cheia de sono mas que não conseguia parar de ouvir a chuva. Ao que ele me respondeu "Põe a gravar e ouves amanhã!". Sei que pode parecer tonto, foi uma piada, mas fez-me pensar.. quantas vezes arrumamos desculpas que não nos deixam desfrutar ao máximo de um momento? Quantas vezes não pensamos "Estou demasiado cansado para fazer isto, eu volto cá depois!"?.
A tecnologia utilizada pelas operadoras de televisão está a alastrar-se à nossa vida juntamente com a sua filosofia do "Grave agora, veja depois!". Creio que no futuro será possível ter um controlo remoto sobre a nossa vida que nos permita gravar os momentos para poder vivê-los mais tarde, trata-se sobretudo de adiar a vida e é algo que já faz parte de nós porque nunca temos tempo suficiente para desfrutar das coisas e das pessoas que realmente gostamos.
Diga não ao "Grave agora, viva depois!"e comece a viver agora.

 (Já reparam que sou sempre inspirada pelas palavras dos outros, pela magia que trazem ao meu mundo e que me faz pensar nas coisas de uma forma mais profunda? a todas estas pessoas um muito obrigada, nunca deixem de ser quem são.)

Vossa,
A

sábado, 19 de outubro de 2013

Stickman

Uma linha é composta por um conjunto infinito de pontos assim como o ser humano é composto por um conjunto infinito de características, experiências, relações, aprendizagens, desejos, potencialidades, fraquezas, conhecimentos e de células que são os pontos relacionados com a natureza física do ser humano. Disto isto, creio que a representação mais fiel daquilo que é  Ser Humano não é o Homem Vitruviano do grande Leonardo Da Vinci mas o Stickman de qualquer criança de 3 anos...

E com este pensamento vos deixo!

Vossa,
A

domingo, 13 de outubro de 2013

Espectador expectando..

Hoje uma colega minha veio ter comigo para me perguntar se eu conhecia alguém entre os 14 e os 16 anos da nossa cidade que tenha superado as expectativas em alguma área, que tenha tido uma boa iniciativa ou ganho um prémio importante.
Depois de pensar por uns bons minutos e de rever as notícias locais percebi que de facto não tinha havido ninguém a preencher estes critérios nos últimos tempos. Tenho a certeza que houve imensa gente a atingir um objectivo pessoal e a superar-se a si próprio diariamente, porém nenhum reconhecimento lhes foi feito... será que as pessoas já não superam as expectativas? Ou serão as expectativas que nos impõem tão altas que se tornam insuperaveis?

Vossa,
A

sábado, 5 de outubro de 2013

Abuso da autoridade médica

Há uns dias fui a uma consulta de oftalmologia na esperança de poder fazer cirurgia refractária. Isto porque já uso óculos e mais recentemente lentes de contacto há mais de 15 anos e já estou farta! Detesto ver-me de oculos e as lentes têm um grande problema que é o ar condicionado das salas e o vento que secam as lentes e fazem-me sentir como se tivesse os olhos colados.
Nunca tinha ido a uma consulta ao hospital em questão nem conhecia o médico mas foi-me recomendado por uma amiga e eu lá fui. Não esperei muito tempo pela consulta e fui rapidamente chamada. Quando entrei fui recebida por uma optometrista que me fez os exames antes de entrar para o consultório e foi sempre a despachar! Falava tão rápido que não conseguia perceber metade do que ela me dizia, quase não tive tempo de lhe dizer as letras que ela mudava logo o ecrã... Não fiquei muito satisfeita e quando entrei para o consultorio médico foi pior! Quando entrei disse-me "Boa Tarde" e não me convidou a sentar e passado um bocado decidi sentar-me por iniciativa própria, e só quando o fiz é que ele se decidiu a levantar-se para me cumprimentar, sinceramente.. depois contei-lhe das minhas intenções para fazer a cirurgia a laser e ele virou-se "Não percebo qual é a pressa." e eu respondi "Sabe, eu já uso óculos desde os meus 2 anos de idade acho que ja esta na altura." ao que ele respondeu "Ja esperaste tanto podes esperar mais um ou dois anos. Senta-te naquela cadeira." (eu não o conhecia de lado nenhum e ele estava a tratar-me por tu!!) Começou a fazer uma série de observações e à semelhança da optometrista mal me dava tempo para tentar focar as letras. Depois foi ao armário da medicação e tirou de lá um frasco de gotinhas "Abre bem os olhos" - disse ele - ao que eu respondi "Espere lá! para que é isso?" ao que ele respondeu "São umas gotas para medir a tensão ocular, pareceu-me alta nos exames que fizeste a bocado."
Tensão ocular alta?? lamento mas não sei o que significa e não está certo permitir aos médicos que peguem num qualquer medicamento ou num qualquer instrumento e comecem a mexer no corpo sem terem consideração nenhuma pela PESSOA que lá está! Não somos apenas um corpo que precisa de ser curado somos acima de tudo pessoas que precisam de ser cuidadas que não têm os mesmos conhecimentos e que precisam de orientação e explicação para nos podermos envolver no nosso próprio processo de doença tomando decisões sobre ele. Eu fui só a uma consulta de oftalmologia mas de certeza que já aconteceu noutros contextos mais graves em que a pessoa se encontra num maior estado de vulnerabilidade que é aumentado por estas atitudes médicas.
Até que ponto estamos dispostos a deixar todas as decisões sobre nós próprios para os médicos, negando-nos a nossa dignidade e liberdade de escolha com direito a uma decisão informada?

Vossa,
A

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Dança moderna: um novo desafio?

Com a situação actual do País as oportunidades para nós jovens São cada vez menos pelo que desde ha 3 anos para ca tenho estado sob constante aviso e conselho da minha família para aproveitar todas as oportunidades que as circunstâncias da vida e os diferentes contexto proporcionam. Porém, as oportunidades que nos surgem não são nada apelativas (e aqui estou-me a referir a situação de desemprego em que muitos jovens são forçados a arranjar emprego fora da sua área de estudos e/ou o salário é insuficiente) ou não são nada oportunas.
Faz dois anos que estou a dar Aulas de ballet numa academia perto de casa e este ano consegui mais uma turma de meninas noutra escola ocupando toda a semana excepto a quarta-feira. Ha poucos dias a directora da academia convidou-me para abrir uma turma de dança moderna ao sábado de manhã.. Achei logo que era um daqueles casos em que me presentearam com uma grande oportunidade nada oportuna.
O facto de ser ao sábado de manhã iria implicar que eu tivesse que fazer uma grande ginástica durante o estágio e fazer demasiadas exigências que provavelmente não poderiam ser satisfeitas nomeadamente só fazer turnos de manhã e folgas ao sábado, que não me acho em posição de as fazer. Por outro lado também seria excelente para mim desenvolver a dança moderna que fica um pouco fora da minha zona de conforto e portanto constituía-se como um desafio... Seria excelente ter um pouco dos dois mundos: ter uma Boa prestação no estágio e desenvolver-me na área da dança! Sinto-me perdida, acho que vou esperar pelo início do estágio para falar com o orientador e tentar conjugar ambas as actividades! Se não tentar então de certeza que não consigo...

Vossa,
A

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Super Único, Super Herói

Depois de quase 2 meses a acordar sistematicamente as 11h e a deitar-me depois das 2h, é verdadeiramente penoso regressar a vida real e acordar todos os dias as 6h da manhã. Estou ainda a tentar ajustar o meu relógio interno pois sinto-me como se tivesse mudado para outro País do outro lado do mundo e estou a sofrer os efeitos do Jetlag! Mas parece que apenas me mudei para a vida real, para a faculdade e para o trabalho.
Por outro lado é óptimo voltar a ver as minhas amigas de quem senti falta no Verão. Há pouco uma delas confundiu-me com uma pessoa e outra minha amiga disse-lhe "Como é que a podes ter confundido? Ela é Super Única!", senti-me muito especial por ela ter dito isto! Sempre achei corajosas as pessoas que se atrevem a serem iguais a elas mesmas independentes do juízo da sociedade e o facto de ela ter incluido a palavra "Super" foi muito importante para mim.
Actualmente, na sociedade actual creio que a maioria das pessoas procura ir mais além, ser criativo, original e revolucionário. No fundo todos procuram ser diferentes. E é esta característica, esta procura incessante e universal pela diferença que nos torna iguais. Porém, só o facto de estarmos a crescer e a expandir os nossos horizontes demonstra uma grande coragem e capacidade de nos abstrairmos das opiniões alheias. Acho que criámos um novo tipo de Super Herói no Séc. XXI: o Super Único que não é uma personagem individual mas que retrata uma filosofia de uma sociedade em mudança que se atreve a ir mais além, procurando novas soluções para problemas e ajudando assim não só ao próprio mas como a todas as outras pessoas.

Vossa,
A

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

As cores da amizade

O domingo passado estive no Happy Holi Color Fest em Lisboa. O grupo era fixe, as pessoas simpáticas, a música mais que boa e estava um tempo óptimo as expectativas estavam para lá de elevadas, para lá do céu. A fila era gigante mas eu mal podia esperar para ficar das cores todas do arco-íris e dançar até cair para o lado.
O evento começou bem! Primeiro fiquei vermelha porque foi o primeiro saco de Gulal que abrimos, depois verde, amarela e azul! Comprámos mais tintas e a cada meia hora tínhamos o color blast e milhões de cores invadiam o céu e substituiam as nuvens e a cada nuvem eu ficava mais colorida! Depois do lançamento das cores o ar ficava irrespirável por uns segundos até o pó assentar mas depois a visão era de se morrer!! Passámos fome porque nos tiraram a comida a entrada e a comida era DEMASIADO cara. Além de que iamos ter de ir para duas filas enormes: uma para pedir e pagar e outra para receber.. Mas não importava!! Porque cada vez tinhamos mais cores, e cada vez a música era melhor.
No fim da noite antes de nos irmos embora, tirámos uma última fotografia e aí percebemos que não estávamos de cor nenhuma.. As cores tinham-se misturado em nós e estávamos todos negros e estivemos assim provavelmente a maior parte do festival. E eu pensei que aquilo era o perfeito exemplo de um velho ditado que todos os pais um dia, mais cedo ou mais tarde, dizem aos seus filhos "Não se pode ter tudo". Ou tens muitas cores e depois chega-se a vias de facto e afinal aquelas cores todas não passam de um grande borrão negro, ou tens poucas mas que criam um verdadeiro arco-iris na tua vida. Acho que posso então dizer que os amigos são como as cores do Happy Holi Color Fest e as verdadeiras cores da nossa vida :). É COM ESTE PENSAMENTO QUE VOS DEIXO!!

Vossa,
A

sábado, 14 de setembro de 2013

E se morresses agora?

Na última aula de Tai-Chi que frequentei, o mestre propôs um exercício de meditação. Pediu que nos deitássemos de barriga para cima e com as palmas das mãos viradas para o chão. "Agora," - começou ele - "vão pensar que acabaram de morrer. Quero que pensem como seria a vida na terra se vocês morressem agora. O que aconteceria às pessoas que vocês amam? O que ficou por dizer? Por fazer? Como vai ser a vida destas pessoas?".
Quando fechei os olhos para começar o exercício de meditação comecei a ficar ansiosa. Não gosto de pensar na morte, acho que ninguém gosta mas comigo é diferente. Tenho medo de morrer. Sei que nao parece racional mas não gosto da ideia de deixar para trás tudo e todos aqueles que amo. Hm.. saudades no pós-vida? Enfim, comecei a pensar que se eu morresse agora que a minha mãe ia ficar sozinha porque só moramos as duas cá em casa e ela precisa de ajuda para muita coisa (o mesmo não irá acontecer quando eu sair de casa?), que toda a minha família e amigos iam ficar destroçados e que provavelmente iam aparecer pessoas no meu funeral que eu nunca conheci.  Que no Natal toda a gente ia fazer uma pausa para se lembrar de mim e que com o passar dos anos com cada vez mais nostalgia. Vi a minha mãe sozinha no meu quarto a chorar a minha falta e senti que faltava dizer a algumas pessoas o quanto as amava. Vi a minha sobrinha pequenina a perguntar vezes sem conta pela Titi e a chorar que queria brincar comigo. E pensei que se eu morresse agora as minhas alunas iam ficar sem professora.
Eu pensei isto tudo no imediatamente a seguir à minha morte. Quando o exercício terminou o mestre disse "Independentemente daquilo que cada um tenha meditado sobre a vida na terra a seguir a sua morte, a verdade é que a vida continua. Os dias não ficam mais pequenos nem mais escuros. As pessoas não param de envelhecer, as árvores não param de crescer e os ventos não param de soprar. As pessoas que vocês amam vão continuar a vida delas quando vocês já cá não estiverem." 
Este tipo de pensamento realmente torna as pessoas mais humildes, é claro que sou importante para as pessoas que me amam mas como posso ser egoísta ao ponto de pensar que comigo, morreria uma parte dos outros?

Vossa,
A